Sincericídios e Verdades

Programador Sincero
15 min readApr 10, 2023

Nunca fale a verdade ao procurar emprego. Ainda mais quando você está fazendo como eu: na luta pelo segundo trampo. Vou falar como andam as minhas buscas e o que tenho notado:

  • Estou estável no meu job da Holanda, conforme falei no post anterior, estou cavando agora algo nos EUA. Não tem chance de layoff, a empresa tá bem e é isso. Achei um lugar pra me encostar. Mas ao mesmo tempo, nunca se pode dormir com os 2 olhos fechados enquanto se trabalha para terceiros. É preciso estar atento e forte. Sempre. Em todas as situações. Não existe descanso para quem está vivo atualmente.
  • Infelizmente, pra conseguir algo através dessas consultorias arrombadas que vendem devs LATAM pros EUA, tá bem foda. Elas estão com várias putarias como testes técnicos para fazer um screening, testes contra o relógio cheio de pegadinhas e outras inúmeras palhaçadas nesse sentido. Entretanto, eu resolvi seguir mesmo assim com alguns testes, mas não tive saco pra fazer as provinhas ainda. Vou fazer e vou tentar passar, pra pelo menos, estar na frente de outros trocentos trouxas nestes próximos dias.
  • Outra putaria que tá foda é o grau de exigência para entrar na vaga. Vaga arrombada pagando 4500 USD ou 5500 USD tá querendo que vc assuma uma Pica do Tamanho de um Cometa, como diria o Queiroz. Os caras querem que vc aprenda e mantenha um ERP, migre uma parada antiga e complexa pra nuvem SOZINHO, pegue tarefas com prazo determinado e escopo aberto, fique sozinho em clientes hostis…. inúmeras armadilhas que são trabalhos pra caras bem experientes como mandalorianos ou jedis. Pelo menos na minha área, que é .NET Core, as coisas estão assim. Embora eu tenha um skill bem alto, de jedi, mandaloriano um jonin de elite, a maior sabedoria neste nível de skill é justamente… não entrar em batalhas com altas chances de dar merda. Mesmo os Jedis morreram em combate. Ninjas também. Caveleiros de Ouro idem. “Quanto mais você é, maior é a pica que você tem que suportar”. Veja mais em: https://programadorsincero.medium.com/quanto-mais-foda-voc%C3%AA-%C3%A9-maior-%C3%A9-a-pica-que-voc%C3%AA-tem-que-suportar-e870e0222237. Não tô afim de suportar picas grandes só porque eu consigo sentar nelas sem chorar.
  • Quando apareceu um trampo normal, que é só fazer a telinha e ir, outro problema grave surgiu. Motivação. Ouvi muitas perguntas como “porque você quer sair de onde está” ou “o que te chamou a atenção para esta vaga”. E eu notei que não dá pra simplesmente falar “quero mudar de emprego” ou “to afim de brincar com algo novo”, ou mesmo, “estou em busca de mais dinheiro e estou cavando uma proposta para justificar um eventual pedido de aumento onde eu trabalho hoje”. O que os caras de fora querem é alguém que tenha uma real motivação para conseguir essa vaga. E em geral, a minha motivação é zero para trabalhar neste tipo vaga arrombada e escravizante. O que quero, na prática, é só o salário em USD e mais nada. Eles querem que eu seja a pessoa que vai namorar, noivar, casar e prover um dote para arrancar a sinhazinha da casa do pai, levando-a em portentosa carruagem para uma linda casa nas montanhas. E eles acham que a sinhazinha realmente está oferecendo MUITO. Aí fica foda afirmar que na verdade eu só to querendo comer a bucetinha dela enquanto der e sair fora depois. E fica foda afirmar que “não quero relacionamento sério” e que estou buscando um moça “que só queira dar gostoso sem se apegar e sem maiores compromissos”. E às vezes dá vontade de mandar o sincero “Calma brother, essa mina aí não é nada demais, é só uma mina a mais na fila do pão”. Ou então, “esse emprego não é nada demais. Não justifica esse grau de exigência, até mesmo porque, o que você tá pagando não condiz”. Mas sincericídios não geram ganhos práticos pra ninguém.
  • Em uma processo seletivo eu cheguei a fazer 4 entrevistas. Mas na entrevista final, eu acabei tendo que conversar com a pessoa que parecia realmente estar buscando um brother pra fazer um trabalho de macaco qualificado, que é pegar especificações de algum cliente de merda, fazer modificações no produto que é incrivelmente complexo e tem mais de 20 anos de existência e então, entregar correndo. Por 35 USD por hora (que chegariam pra mim, mas provavelmente, a consultoria morde uns 80 / hora). Aí, acabou rolando um sincericídio, porque eu fale que já tava como lead e tal. E aí fodeu. A vaga era low profile demais pra mim. Então, ficou foda no meio do rolê. As perguntas técnicas obviamente eu tirei de letra, mesmo em inglês, mesmo sendo apertado... Mas na parte final, flopou. A conversa até acabou mais cedo porque no fim, ficou claro que não tinha muita condição de eu me rebaixar tanto pra fazer esse trabalho de macaco. E então acabei me fodendo nesse processo na última entrevista. Foi a primeira vez que aconteceu isso e na prática, acho que foi um livramento.
  • Estou atualmente em dois processos seletivos. O dos EUA é uma merda de vaga, mas eu menti pra caralho ao afirmar que estou olhando o mercado porque minha situação na empresa atual estava incerta e que eu estava preocupado com as recentes movimentações, saídas da empresa e mudanças abruptas de demanda. De fato, essa mentira foi bem convincente. Semana que vem vou tentar falar com o tal do “client”. Mas de qualquer maneira, foi foda. Eu fiquei também martelando o lance da estabilidade e tal. Aí o chefão me pergunto: “e se vc for realocado ou tiver a sua garantia de emprego assegurada hoje, onde vc está, vc iria mesmo assim?” Aí eu cometi o sincericídio de afirmar que sim, eu desistiria do processo seletivo. Vamos ver como vai ser semana que vem. O salário é realmente uma merda e na verdade, confesso que não estou muito a fim e pegar essa pica. O outro processo também é uma merda. É um cliente que quer brincar com coisas novas e sequer tem uma demanda consistente, não tem backlog, não tem nada. Quer “começar uma área nova” na empresa e quer contratar um “dev experiente” para ajudar. Vai se foder. Eles já se ligaram que compensa pegar um cara que tem ampla experiência como Lead, pra contratar como Dev, recebendo como Dev, mas claro, respondendo e produzindo como Lead ou acima. É bem irritante, mas um segundo trampo é meio que necessário no meu caso e por enquanto, eu preciso seguir a lógica de ter mais de um cliente. Preciso pensar como PJ.
  • Ao aplicar para um processo, ainda mais quando o salário é uma merda, é preciso saber mentir e contar uma historinha que seja convincente. Estou usando argumentos como cortes, busca por estabilidade, adorar novos desafios e merdas assim. De qualquer maneira, não tenho sido convincente o suficiente. Ao reverem meu CV, todo mundo pensa algo como “o que um cara tão pica quer aqui”, “veja, um brother desse vai vazar assim que achar algo melhor”, “tem alguma coisa errada — esse cara está há quase 3 anos nessa empresa, está crescendo — não tem sentido essa movimentação”. Então, se você estiver nessa mesma condição, talvez compense colocar um Open to Work no seu LinkedIn e comunicar formalmente que você está na pista pra negócios. Mas claro, isso tem risco no emprego atual. É uma merda complexa.
  • Aplicar pra vagas de arquiteto e team lead tende a ser muito difícil, porque na prática, essas vagas tendem a ser mais estratégicas e presenciais. Então, é muito raro MESMO chegar vagas legais, mesmo que a minha experiência seja muito mais do que o necessário para liderar times e arquitetura de sistemas.
  • Entendam: cargos top exigem algum nível de presença e exigem uma energia maior. A ideia é faturar em 2 empregos gastando um mínimo de energia. Talvez seja interessante mudar de cargo para pegar alguma liderança no job 01. No meu caso, eu até poderia lutar para alcançar uma liderança técnica e quem sabe, fazer uns 7000 EUR de salário. Entretanto, empresas europeias conseguem pegar um galera bem pica grossa do mercado, e então, a concorrência e a excelência é brutal. Embora eu tenha a absoluta certeza de que meu nível é igual ou até superior a muitos tech leads ou arquitetos, eu como um simples sênior que não faz merda nenhuma, tenho uma vida muito boa. Eu raramente trabalho as 8 dias diárias de forma intensa. Não tenho que participar de reuniões com várias decisões complicadas, não tenho que ficar correndo atrás de gente pra explicar merdas e eu recebo tudo geralmente especificado e refinado pelo time. Então foda-se. Por um pouco de grana a mais os caras que estão acima de mim aqui em Eindhoven estão se fodendo bem mais que eu.
  • Pode ser depressivo (na verdade é!) ser um simples dev quando se pode ser muito mais que isso. Frequentemente me vejo pegando bugs ou tasks que são cruds e no fim, são merdas complexas e chatas, como lavar janelas de um arranha-céu. Caras de elite como eu gostam de estar no risco, gostam de resolver problemas e realmente, adoram influenciar o backlog, o design e a porra toda. Mas sinceramente, há fases da vida onde não rola mais viver aventuras e experiências maravilhosas no trabalho sem ter um pagamento proporcionalmente bom. Então, na minha idade, o lance não é mais lutar pra comer uma buceta gostosa que rebola gostoso e geme só pra curtir uma experiência legal. Isso eu já tive de monte na vida. O que preciso agora é um relacionamento sustentável, calmo, que evolua com o tempo e que entregue muito mais que prazer imediato. E portanto, é preciso abrir mão de certas coisas. Por exemplo, pode ser depressivo comer a mesma mina todos os dias. Pode ser depressivo aguentar as demandas de um relacionamento sério. Pode ser especialmente difícil ver as gostosas andando de bike todo dia no bairro com um shortinho cada vez menor. Isso sem falar dos bares lotados cheio de mina deliciosa e safada. A sensação de estar perdendo algo legal é angustiante, mas precisa ser superada. Mas, quando tudo isso é superado, você chega nos níveis superiores. Você começa a se concentrar no que realmente faz sentido para a sua vida interior, para a sua essência. Você começa a pensar coisas como “foda-se a tecnologia nova, o último framework, a modinha do dia e a porra do última tendência”. Olhando de uma forma menos imediatista e mais sustentável, o que interessa mesmo é estar em um lugar com um flow bacana, um time bacana, um processo gentil, uma demanda controlada, um bom suporte gerencial e um projeto que gere lucro e cresça cada vez mais. Não adianta nada sair com uma mina gostosa que fode gostoso, se no fim, é só uma mina que fica no celular, vendo merda no insta e tiktok e só reclamando que a vida não anda pra frente, quando não é invejosa e fica falando mal do rolê de pessoas mais felizes e mais centradas. O ideal é ter uma mina gostosa, que trepa bem mas ao mesmo tempo, também permita uma conexão muito mais profunda do que só sexualmente. Assim como o emprego: mesmo não tendo coisas fantásticas, é importante fazer parte de uma equipe onde você poderá criar raízes. Isso é possível de acontecer mesmo em empresa de outros países, desde que claro, consigamos nivelar nossas expectativas. Portanto a dica que eu do é: o job 01 precisa ser um job onde vc tenha amor. Onde você amar e ser amado. É o job que você precisa priorizar. É onde você criará raízes. “Go where you are celebrated, not, tolerated”.
  • O job 02 pode ser vista como uma forma relativamente corrupta e eticamente discutível de subverter a lógica atual e ganhar dinheiro em trampos remotos. A lógica atual é ainda pautada na dialética Senhor-Escravo. Não é livre iniciativa, não é livre comércio, não é liberdade, não é nada disso. É só escravidão e usura travestida de liberdades individuais e trocas de dinheiro corruptas. O senhor exige fidelidade e lealdade do escravo. E tentam nos convencer de que não há Senhor sem Escravo e não há Escravo sem Senhor. Não caia nessa. Uma forma de escapar dessa situação pode ser comparável a ter amantes sigilosamente. O problema é que a ética dos relacionamentos não é necessariamente igual à ética das relações de trabalho. Acho que não há grandes problemas morais — a não ser pelo fato de uma empresa não saber da outra. Eu fui já sincericida em alguns processos e disse que gostaria de ficar em 2 empregos durante a transição para reduzir meus riscos de fazer merda ao mudar de um lugar estável para outro instável. Eu achava que estava sendo “honesto” com a empresa 02. Mas no entanto, não penso mais assim. Ao pensar como PJ, preciso pensar em segurança e sustentabilidade. E não consigo concordar com a ideia de depender 100% de um cliente. E em geral, ninguém quer pagar por exclusividade. Portanto, decidi omitir essa questão de dupla jornada e foda-se. Aliás, a maioria dos contratos não tão mais oferecendo PTO ou férias ou merda qualquer. Pedir exclusividade sem dar nada em troca só rola se você for trouxa ou for CLT. Até mesmo porque, vão te mandar embora quando você não servir, como naturalmente se faz com módis usado ou bombril. Na verdade, estou sendo redundante, mas o que todos querem é lucrar nas minhas costas, ainda mais quando eu passo a absoluta segurança de que com o meu trabalho, o avião conseguirá decolar e pousar sem problemas. Outra coisa que precisamos ter sempre consciência é que ninguém realmente gosta de um programador. O dinheiro que nos pagam é o dinheiro pago com dor. É a mesma dor que se sente ao ter que gastar com pra consertar um carro, consertar um vazamento ou merdas assim. Ninguém paga feliz por um programador. Todos pagam com ódio. E querem pagar pelo menor tempo possível. Portanto, é natural que o programdor seja descartado assim que possível. Trabalhando em 2 empregos, esse risco de descarte tende a causar menos impacto. E portanto, aceitar exclusividade é se expor a um grande risco. Não rola
  • Estou tentando ver se consigo me divertir em no trampo 2, mas sem me desgastar demais. Busco aquela mina gostosa, animada, que topa tudo, que deixa dedilhar a buceta no bar, que deixa chupar os peitos no rolê, que bebe, que fuma, que troca ideia, que dá risada, que pega no pau onde der e que no fim, não me encha de demandas nem compromisso sérios ou adultos. Só a parte boa. Só grana. Só tecnologia legal. Só coisas puramente criativas. Nem faço questão de ter MUITA grana, sustentabilidade ou merdas assim. Idealmente, o trampo 02 tem que ser uma válvula de escape, uma diversão. Pegar merdas chatas em troca de grana pode ser necessário, mas não é o ideal. Não mesmo. Pegar uma amante gostosa e muito chata / muito legal mas horrorosa só faz sentido em caso de emergência. Mas em geral, é melhor não. E lembre-se: mulheres horrorosas, na minha experiência, não tem honra e apreço com seus pares, mesmo que sejam bonzinhos. Quando podem se aproveitar e encontrar algo, logo jogam o parceiro anterior no lixo. Então, se você estiver em um trampo onde tudo seja muito ruim, com um ambiente horrível e tudo mais, de fato, continuará horrível e você só perderá tempo e energia com algo que não vale a pena. Então, como conselho para o job 02, pense em diversão, alegria, desafios, aprendizado e busca por novos skills e habilidades. Nada de se foder, nada de ficar em locais depressivos e nada de lidar com gente escrota. Ninguém quer uma amante desgraçadamente feia, chata ou filha da puta (ou as 3 coisas ao mesmo tempo).
  • Outra vantagem de ter 2 trampos é que se forem salários compatíveis, você tem mais condições de assumir riscos, de falar nãos, de arriscar e romper paradigmas e pode inclusive, crescer mais devido à ausência do medo de perder o emprego, que tanto nos paralisa. Então é possível falar alto na reunião, é possível interpelar os chefes e é possível agir de igual pra igual nas relações. Isso parece ser uma coisa comum, mas pra mim, é uma maravilha. Agir sem medo é engrandecedor.
  • Pode ser também que você só queira no fim, ter o trampo 02 e o trampo 03, sem ter necessariamente um trampo 01. Pode ser que você dê sorte e tenha como sustentar 2 trampos legais e seguir vivendo só o presente, sem pensar em futuro, em raízes e nessas coisas que velhos fracotes como eu pensam. Pode ser que sua vida seja mais tranquila que a minha. Pode que o seu trampo 01 seja o teu side-hustle, teu projeto pessoal que vai dar grana. Pode ser também que o seu projeto mina-gostosa seja o trampo 02, o teu side-hustle. Quando estou sem freela, eu passo o tempo livre me divertindo com o side-hustle, estudando coisas que não posso nos outros projetos e pesquisando coisas novas. É bem prazeroso. Todo mundo deveria ter a alegria de se divertir brincando com coisas legais como se fosse criança. Talvez um projeto mobile? Automação residencial? Contribuição open-source em algo interessante? O que quero dizer que é que no fim, trabalhar com coisas complexas e do business pode ser broxante, assim como é broxante só cuidar da família, da esposa, dos filhos, das contas, da escola, das refeições, da gasolina e da porra toda. Precisamos ter essa válvula de escape. Ou então, é preciso encontrar caminhos, por exemplo, pra vc chupar a bucetinha da sua esposa como antigamente, seja no carro, seja na praia, seja na varanda… sabe? A vida sem controle ativo acaba ficando cinza. E com o passar do tempo você nem lembra mais do gosto de uma bucetinha. E o tempo passa. E os ressentimentos vão ficando. E nada acontece. Não deixe a vida ficar no modo automático.
  • Ao assumir dois empregos, pense em ter uma estrutura boa. Dois computadores independentes, um rede boa, horários organizados e estruturados. Seja altamente produtivo. Ser produtivo está longe de ser fácil e pode exigir que você gaste uma energia mental e emocional de formas inesperadas e desconhecidas. Mas de qualquer maneira, não deixe nada pra depois. Entregue tudo no prazo, sem ser antes nem depois. Sempre tenha algo construtivo pra falar na daily. Veja também a questão das licenças, das contas git (não faça a merda de comitar com o git de outra empresa!), das diversas variáveis de ambiente, teams, slack, office, etc. Tudo isso impacta. Recomendo criar um perfil no browser para cada empresa — isso é especialmente importante se você usa contas da Microsoft conectadas ao AAD e ao Windows. Recomendo também ter um estrutura legal no seu office, principalmente, sem pessoas por perto. Pense também em se movimentar, em pegar a bike e em comer saudável. Por exemplo, eu tenho esquemas por perto que permitem o aluguel de salas comerciais por períodos mensais e por aí vai. Você terá que investir em infra. Tente não dividir o mesmo computador com vários projetos. Mas se for caso, use contas distintas para cada empresa. Pode ser que você tenha que ingressar no domínio e pode ser que certas GPOs (group policies) tenham que ser aplicadas de tempos em tempos, assim como VPNs e regras de firewall. Então pense bem antes de compartilhar a mesma máquina entre dois projetos. E em qualquer caso, invista em memória RAM e em HD SSD NVMe de pelo menos 2 GB. O custo operacional de ficar dividindo os dados entre 2 SSDs é brutalmente alto. E claro, use pelo menos 32 GB de memória. Quanto mais rápido for o computador, menos tempo você perderá com troca de contexto, processamentos e etc. Tenha uma câmera e microfone muito bons, para que as pessoas gostem de ver você e não se irritem com a sua voz na reunião.
  • Aprenda a ganhar tempo com dificuldades e estimativas. Demoraram pra aprovar o PR? Ótimo. Apareceu um novo bug? Estima pra cima. Planning Poker? Sempre faça alarde para pequenas dificuldades. Achou alguma merda no log? Alardeia, peça ajuda, movimente as águas, peça ajuda nos canais públicos e encha o saco do tech lead e scrum master. Dê a impressão de que você está trabalhando pra caralho. Coloque pessoas em e-mails. Pergunte coisas. Comunique-se sem falar nada. Ganhe tempo e busque sempre envolver outros no seu trabalho de forma que você trabalhe o mínimo possível. Grande parte das vezes, nós acabamos nos colocando na posição de heróis e ocorre o contrário — fazemos o trabalho que o tech lead tem que fazer, que o SM ou Eng. Manager deveria estar fazendo e não faz. Todo mundo adora quando aparece um trouxa que assume o comando e tranquiliza todo mundo. Mas se assim é, há um risco claro de você se foder sendo o brother que coloca carvão no titanic pra sempre. Veja mais aqui: https://programadorsincero.medium.com/s%C3%ADndrome-do-titanic-be147bad867f. O nosso salário é de programador com alguma coisa de analista. Um peão. Pegar coisa de lead é bom e até alegra, mas só faz sentido se há uma busca por promoção, medo de ser mandado embora, busca por aumento ou qualquer outra merda do tipo. Em situação de estabilidade, a ideia é manter o avião no ar e colocar o piloto automático (essa é a essência do quiet quitting — não é sobre tirar o remo da água, mas é sobre remar o mínimo necessário e usar as velas adequadamente; não é sobre não trabalhar, mas sim, sobre trabalhar com o mínimo de esforço necessário e o máximo de ganhos em tempo, energia e principalmente dinheiro).
  • Ao estimar, coloque sempre um ponto a mais. É uma coisa complexa? Sempre sugira colocar um spike. A grande verdade é que tenho notado que, mesmo com todos esses sambariloves, na prática, o projeto fica apertado. Nós temos a mania de estimar as coisas como se tudo fosse dar certo de primeira. E nunca dá certo de primeira! Você acaba fazendo a feature e no fim, pra conseguir a cobertura de testes demora outro dia todo. Ou então, a construção de testes de integração é ainda mais complexa do que parecia. Ou claro, tem alguma surpresinha que não era conhecida, alguma interação inesperada com um outro serviço, alguma notificação que precisa ser emitida… uma infinidade de riscos que simplesmente não podem ser assumidos pelo programador, e principalmente, não podem vazar e invadir o tempo livre do programador. Então, já sabe. Sempre aumente a estimativas, até mesmo porque, elas ficarão apertadas da mesma forma. Tente plenejar para trabalhar no máximo 11 horas por dia, com algumas pausas. Assim talvez possa ser viável sustentar os 2 empregos.

Acho que é isso. Vou postando quando tiver mais novidades.

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